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A primeira peça espírita que se tem notícia

 

Como toda idéia inovadora e revolucionária, o Espiritismo logo tornou-se alvo do interesse dos artistas, classe tristemente marginalizada e incompreendida no mundo social estabelecido e cheio de preconceitos.

Um dos casos mais notórios foi o do dramaturgo Victorien Sardou, que se  tornou um dos mais dedicados discípulos de Allan Kardec, a quem acompanhou desde as primeiras experiências das mesas girantes, à  elaboração do Livro dos Espíritos e à repercussão social da doutrina na Europa e nos demais continentes.

Embora não soubesse desenhar, era médium pictógrafo, produzindo ilustrações assombrosas sobre a vida em outros mundos. Apesar de seus biógrafos ignorarem sua dedicação ao Espiritismo, Sardou foi um ativista influente e pioneiro na transposição direta da nova filosofia para a linguagem artística.

No ano de 1896, no Teatro Renaissance, em Paris, estreou a primeira peça teatral de que se tem notícia.O dramaturgo francês Victorien Sardou, introduzia assim, a mensagem dos espíritos na forma dramática, sob o título “Spiritisme”, visando assim  maior divulgação do espiritismo, com o empréstimo de um elenco categorizado, tendo à sua frente, a grande atriz francesa, Sara Bernhardt, considerada na época, entre todas,  como sendo a melhor. Ela empregou a suavidade de sua voz prateada, segundo os críticos, devido à sua semelhança com o som de uma flauta.

Consideramos importante relatar esse fato histórico, por notarmos nitidamente a presença do Teatro em nosso País, produzindo essa linguagem objetiva  que tanto fascina o grande público.

A Doutrina Espírita traz em seu conteúdo pedagógico, a feição apresentada pelos Espíritos Superiores e muito bem elaborada pelo professor Allan Kardec, de forma estética apropriada para adaptações diversas, utilizando aspectos temáticos, bem como de estrutura criativa.

Victorien Sardou possui uma biografia  das mais elevadas como dramaturgo  por  produzir diversos textos importantes que  fizeram sucesso, inclusive,  em palcos brasileiros, montados pelas grandes companhias de teatro que sem tem notícia. Dividiu a atenção dos admiradores do seu tempo com tantos outros autores geniais.

Intelectual reconhecido, participou do abaixo-assinado, em 1887, da “Torre Eiffel” ao lado dos escritores Alexandre Dumas, Leconte de Lisle e Guy de Maupassant, o arquiteto Charles Garnier, dos  compositores Gounod e Massenet.

Como espírita, trocou cartas com Allan Kardec, recebendo dele sempre  respeitosas respostas incentivando suas contribuições.

Vamos refletir em torno dessas respostas, para aquilatarmos a identificação e admiração do Codificador, na Revista Espírita, (agosto de 1958) quando encontramos uma carta de Allan Kardec dirigida a Victorien Sardou, comentando o artigo, “A propósito dos desenhos de Júpiter”. Ele destaca:

“O autor desta interessante descrição, é um desses adeptos fervorosos e esclarecidos que não temem confessar em alto e bom som as suas crenças e colocam-se acima da crítica daqueles que não crêem em nada que escape ao seu círculo de ideias. Ligar seu nome a uma doutrina nova, desafiando sarcasmos, é uma coragem que não é dada a todos. E nós felicitamos o Sr. Sardou porque a possui.

Seu trabalho revela o distinto escritor que, jovem ainda,  conquistou um lugar de honra na literatura e alia, ao talento de escritor, profundos conhecimentos de sábio. É uma  outra prova de que o Espiritismo não recruta entre tolos e ignorantes.

Fazemos votos para que o Sr. Sardou complete, o mais breve possível, o seu trabalho tão auspiciosamente começado. Se os astrônomos nos desvendam, por sábias pesquisas, o mecanismo do Universo, por suas revelações,  os Espíritos nos dão a conhecer o seu estado moral e, como eles mesmos dizem, é com o fito de nos excitar ao bem a fim de merecermos uma vida melhor! “

Victorien Sardou morreu na manhã de 8 de novembro de 1908, coberto de honras e de glória. Paris inteira compareceu às suas exéquias. No quadro imponente do aparato militar a que teve direito, a grã-cruz da Legião de Honra. Gaston Doumerge, em nome do Governo; Valdal, representando a Academia  e Paul Hervieu, pela Sociedade de Autores, pronunciaram discursos enaltecendo a obra do dramaturgo de escol e convicto espírita.

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