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Trechos do livro: O Espiritismo na Arte. Leia o livro todo.

Quanto mais as ondas do campo vibratório são desenvolvidas em velocidade e em comprimento, mais a impressão sentida pelo perispírito é viva, penetrante e comparável, em termos humanos, à impressão que nos proporcionam os sons agudos.
(O Espiritismo na Arte – 3ª lição de Massenet – Léon Denis)

Os sonhos dos poetas, as visões dos místicos, as criações do gênio, as comprovações e demonstrações da Ciência, as realizações mais perfeitas da Arte são apenas ecos muito débeis e percepções pequeninas que os homens, com melhores dotes, captam como em um relâmpago quando a matéria, dominada por poucos instantes, permite que a alma possa entrever alguns pálidos reflexos do mundo divino.
Léon Denis
(O Mundo Invisível e a Guerra)

“O Espiritismo vem abrir para a arte novas perspectivas, horizontes sem limites. A comunicação que ele estabelece entre os mundos visível e invisível, as indicações fornecidas sobre as condições da vida no Além, a revelação que ele nos traz das leis de harmonia e de beleza que regem o Universo vêm oferecer aos nossos pensadores, aos nossos artistas, motivos inesgotáveis de inspiração.”
Léon Denis

(Méditations Poétiques)
Romain Rolland12 descreve, nestes termos, o caso especial de
Miguel Ângelo13 (Revue de Paris, 1906, e Cahiers de la Quinzaine):
A força do talento que provém do Deus oculto não se manifesta mais claramente senão em um homem sem vontade, como Miguel Ângelo. Jamais um homem foi sua presa dessa forma. Esse talento não parecia da mesma natureza que ele; era um conquistador, que havia se lançado sobre ele e o mantinha escravizado. Sua vontade não tinha nenhum poder e quase se poderia dizer, nenhum poder tinham seu espírito e seu coração. Era uma exaltação frenética, uma vida formidável em um corpo e uma alma muito fracos para contê-las.

Encontra-se em Goethe14 (Cartas a uma Criança), os seguintes detalhes sobre Beethoven15: Beethoven, falando da fonte de onde lhe vinha a concepção de suas obras-primas, dizia a Bettina: “Eu me sinto forçado a deixar transbordarem, de todos os lados, as ondas de harmonia que provêm do foco da inspiração. Tento segui-las, e as agarro apaixonadamente; de novo elas me escapam e desaparecem entre a multidão das distrações que me cercam. Logo eu volto a agarrar a inspiração com ardor, arrebatado, multiplico todas as suas modulações e, no último momento, triunfo com o primeiro pensamento musical.
Devo viver sozinho comigo mesmo. Sei bem que Deus e os anjos estão mais perto de mim, em minha arte, que os outros.
Comunico-me com eles e sem temor. A música é uma das entradas espirituais nas esferas superiores da inteligência.”
Mozart, por sua vez, em uma de suas cartas a um amigo íntimo, nos inicia nos mistérios da inspiração musical. Essa carta foi publicada em A Vida de Mozart, por Holmes16, em Londres, 1845:
Dizeis que gostaríeis de saber qual é minha maneira de compor e qual é o meu método. Verdadeiramente eu não posso vos dizer mais do que o que vou falar, porque eu mesmo não sei nada a respeito e não consigo me explicar.
Quando estou com boa disposição e completamente só, durante meu passeio, os pensamentos musicais me vêm em abundância. Não sei de onde vêm esses pensamentos, nemcomo eles me chegam, minha vontade não tem nenhum poder nisso.

Raios de luz e cores, sons e perfumes, estão ligados por um encadeamento, uma espécie de escala da qual cada nota representa uma soma particular de vibrações e que constituem, em seu conjunto, uma unidade perfeita. Se a ela se juntam as formas e as linhas, essa unidade se tornará a lei geral do belo, e a arte, em suas múltiplas manifestações, terá por objetivo reproduzi-las.

Um escultor regressa à vida do espaço. Ele revê todas as suas existências passadas e, geralmente, estas últimas tiveram como centro de trabalho (centro, no sentido absoluto do termo) lugares em que a própria natureza induz à beleza. No espaço, esse ser não poderá afastar do seu espírito os pensamentos, a visão das obras criadas por seus semelhantes ou por ele mesmo. Instintivamente, seu espírito ainda flutuará em torno dos monumentos, das estátuas que ele gostava de contemplar durante sua vida material. Se passou sua existência em um determinado país, a ele retornará; se passou uma existência anterior em um outro país, a ele será atraído instintivamente, por suas lembranças. Quando em repouso, no espaço, desfrutará de uma real beatitude, e projetará, em raios de todas as cores, quadros, formas esculturais do mais maravilhoso efeito. Poderá unir as artes gregas, romanas, latinas e gaulesas e reviver horas inesquecíveis para ele. Todas as épocas de sua arte serão representadas, segundo a duração e o gênero das evoluções realizadas.
Um dia, no meio astral em que se encontra, composto de moléculas especiais, ele desejará fazer os espíritos menos avançados tirarem proveito dessas mais belas projeções. Com a ajuda de alguns amigos, seu pensamento pedirá a Deus para atrair espíritos profanos que têm o desejo de se elevar, mas cujos conhecimentos artísticos são medíocres. Para empregar vossos termos, ele quererá vulgarizar sua arte e atrair para si um público de seres sem dúvida distintos, mas pouco eruditos. O espírito sempre inventivo dos nossos artistas criará pórticos, abóbadas, unindo a arte grega à arte romana, a arte romana à arte ogival, e que constituirão graciosos monumentos. Esses monumentos, erigidos fluidicamente, utilizam moléculas relativamente sólidas, não a ponto de se poder ir de encontro a elas, mas essas moléculas, à passagem dos espíritos, produzem neles uma impressão quase de êxtase.
Dessa forma, os seres fluídicos podem se encontrar em presença de arquiteturas cujos planos a vossa geometria, muito pobre, não me pode ajudar a explicar. Essas obras de arte podem permanecer fixas no espaço o tempo que a vontade do artista desejar, no entanto ele sente que seu orgulho tem limites; em um determinado momento, sua vontade, instintivamente, projetará um outro quadro e o monumento precedente desaparecerá para dar ao azul celeste toda a sua limpidez, esperando que uma nova obra se produza e se sustente.
As moléculas que compõem esses trabalhos de arquitetura são, em si mesmas, maleáveis e obtidas na matéria astral; mas o pensamento do artista, como todos os outros sentimentos, irisam esses trabalhos de cores tais que todos os seres que contemplam essas obras experimentam sensações tão mais vivas quanto mais acentuada for a elevação de cada um.
Os modelos são obtidos tanto de lembranças que emanam da vossa Terra como de outros mundos mais ou menos avançados. Eu vos falarei desses mundos em último lugar.
Se a escultura é interessante, a pintura não o é menos. Existem gradações entre a escultura, a pintura, a música e a arte da palavra, ou da filosofia escrita ou falada

Entendeis que é muito fácil para um ser que já possua, por sua evolução, um passado artístico, reproduzir no meio fluídico, não somente arcadas arquitetônicas, mas também telas sobre as quais irão se imprimir cenas reconstituindo o que eu chamaria de o sonho em cores.
No próprio espírito do ser, as cores existem em estado latente, visto que elas mesmas são formadas por moléculas diferentemente coloridas. Essas moléculas podem ser comparadas a pequenos pedaços de vidro de variadas cores. O pensamento, atravessando essas moléculas, fará uma projeção que reproduzirá os assuntos que o ocupam. A fotografia em cores pode ser tomada como comparação, pois que, de uma forma bem restrita, ela pode dar uma fraca idéia das colorações fluídicas do espaço.

Quase todos os célebres compositores possuem faculdades mediúnicas que lhes possibilitam receber as inspirações do Além, que lhes permitem traduzir, sob a forma do seu próprio talento, as grandiosas concepções da eterna harmonia. Entre esses compositores, os mais notáveis nos parecem ser Beethoven, Berlioz e Wagner59.


Beethoven deve ser considerado como o verdadeiro criador da sinfonia, e sua frase melódica, por sua amplitude e sua beleza, representa a ação musical completa. Sob esse ponto de vista, seu espírito domina e dominará por muito tempo ainda a música moderna. Afirma-se que, recentemente, ele ditou a certo médium um hino espírita, destinado às sessões de evocação, e que em breve será publicado.


Berlioz também foi um sinfonista de grande envergadura; entre os compositores franceses, não há outro que seja mais difícil para se imitar devido ao seu vigoroso talento e à sua prodigiosa virtuosidade. Nessa música ardente, apaixonada, pitoresca, a intenção e a execução se combinam; ela possui o relevo e a força da região alpestre60, onde o autor nasceu. Ela exprime alternadamente o esplendor dos cumes e o horror dos abismos. Nela se encontra a voz das torrentes, os murmúrios da floresta, todas as harmonias da montanha na sua unidade e sua variedade surpreendentes.
Nunca esquecerei a profunda impressão que me produziu a primeira audição de A Danação de Fausto. Eu tinha quase 20 anos
e isso foi para mim, graças à sinfonia, a revelação de um mundo desconhecido, surpreendente em riquezas e maravilhas. Berlioz foi demasiado genial para ser bem compreendido por seus contemporâneos; como quase todos os inovadores, só após a sua morte é que o público começou a apreciar o seu talento lírico.


Quanto a Richard Wagner, sua obra colossal é totalmente impregnada de uma espiritualidade densa e difícil de suportar, que beira com o materialismo, como todo o gênio alemão. Porém, às vezes, dessa massa um pouco confusa, muitas vezes até vulgar e banal, brotam notas61 musicais que atingem os mais altos cumes.
Wagner retira muito de seus predecessores, mas torna seu o que deles retira, e o reveste de uma vida original e pessoal. Infelizmente, nele a essência permanece inferior à forma e sob esse aspecto faltam à sua obra equilíbrio e precisão. Suas imagens e seus temas são terrestres; quando quer povoar o espaço ele o faz sempre com deuses de máscaras trágicas e bastante humanas, por criaturas semimateriais, com capacetes e armadas, que cavalgam sobre nuvens em busca de batalhas sanguinolentas. Apenas duas de suas obras são exceções: Tristão e Isolda e Parsifal, inspiradas nas lendas célticas e crist

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