MUSEU DO ESPIRITISMO.
Nos planos de futuro que o Sr. Allan Kardec publicou na Revista de dezembro, e do qual sua partida imprevista retardará necessariamente a execução, encontra-se o parágrafo seguinte:
"Às atribuições gerais da comissão serão anexadas, como dependências locais:
"1°...............................................
"2° - Um museu onde serão reunidas as primeiras obras da arte espírita, os trabalhos medianímicos mais notáveis, os retratos dos adeptos que terão muito merecido da causa por seu devotamento, os dos homens que o Espiritismo honra, embora estranhos à Doutrina, como benfeitores da Humanidade, grandes gênios missionários do progresso, etc.
"O futuro museu já possui oito quadros de grande dimensão, que não esperam senão um local conveniente, verdadeiras obras-primas da arte, especialmente
executadas, tendo em vista o Espiritismo, por uma artista de renome, que generosamente os doou à Doutrina. É a inauguração da arte espírita por um homem que reuniu a fé sincera ao talento dos grandes mestres. Em tempo útil, deles faremos um relatório detalhado."
(Revista de dezembro de 1868, página 385.)
executadas, tendo em vista o Espiritismo, por uma artista de renome, que generosamente os doou à Doutrina. É a inauguração da arte espírita por um homem que reuniu a fé sincera ao talento dos grandes mestres. Em tempo útil, deles faremos um relatório detalhado."
(Revista de dezembro de 1868, página 385.)
Estes oito quadros compreendem: o retrato alegórico do Sr. Allan Kardec; o Retrato do autor; três cenas espíritas da vida Jeanne d'Arc, assim designadas: Jeanne na fonte, Jeanne ferida e Jeanne sobre a sua fogueira; o Auto-de-fé de João Huss; um quadro simbólico das três Revelações, e a Aparição de Jesus no meio de seus apóstolos, depois de sua morte corporal.
Quando o Sr. Allan Kardec publicou esse artigo na Revista, ele tinha a intenção de dar a conhecer o nome do autor, a fim de que todos pudessem render homenagem a seu talento e à firmeza de suas convicções. Se disso nada fez, é que aquele que a maioria dentre vós conhece, por um sentimento de modéstia que compreendeis facilmente, desejava guardar o incógnito e não ser conhecido senão depois de sua morte.
Hoje as circunstância mudaram, o Sr. Allan Kardec não está mais entre nós, e, se devemos nos esforçar por executar os seus desejos tanto quanto o possamos, devemos também, todas as vezes de que disso tivermos a possibilidade, pôr nossa responsabilidade a coberto e evitar as eventualidades que os acontecimentos imprevistos ou as manobras malevolentes possam fazer surgir.
É com esta intenção, senhores, que a senhora Allan Kardec me encarrega de vos saber fazer que seis dos quadros designados acima, foram remetidos às mãos de seu marido, que se acham atualmente entre os seus, e que ela os conservará em depósito até que um local apropriado, comprado com os fundos provenientes da caixa geral, e gerido por conseqüência sob a direção da comissão central encarregado dos interesses gerais da Doutrina, permita dispô-los de maneira conveniente.
Até aqui, os múltiplos embaraços de uma mudança de domicílio, nas condições dolorosas que conheceis, não deixaram a liberdade de visitar os quadros. Doravante, todo espírita poderá, se tal for o seu desejo, examiná-los e apreciá-los, na residência particular da senhora Allan Kardec, às quartas-feiras, de duas horas às quatro horas.
Os outros dois quadros ainda estão em mãos do autor, que, sem dúvida, já devereis ter reconhecido. É, com efeito, o Sr. Monvoisin que, haurindo uma nova energia na firmeza de suas convicções, quis, apesar de sua idade avançada, concorrer ao desenvolvimento da Doutrina, abrindo uma era nova para a pintura, e se pondo à frente daqueles que, no futuro, ilustrarão a arte espírita.
Nós não diremos mais a esse respeito; o Sr. Monvoisin é conhecido e apreciado por todos, tanto quanto artista de talento como espírita devotado, e ele tomará lugar ao ladodo mestre, nas fileiras daqueles que terão muito merecido do Espiritismo.
(Extraído da ata da sessão de 7 de maio de 1869.)