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Trecho do livro “Faz parte do meu show” psicografia de Robson Pinheiro
Eu estava radiante com a possibilidade de trabalhar novamente. Já mais recuperado e cheio de expectativas quanto ao futuro, dirigi-me ao palco que os espíritos improvisaram, numa região do astral à qual deram o nome de umbral.
Considerando o ambiente ao redor, não era nada semelhante às casas de show ou aos cenários dos programas de televisão aos quais estive acostumado. Nada semelhante. Estávamos em região astral tumultuada por pensamentos dos humanos encarnados e desencarnados. Contudo, o trabalho dos espíritos era algo maravilhoso de se ver. Luzes coloridas jorravam de holofotes invisíveis, projetando cores nunca antes observadas por mim. Equipes de espíritos iam e vinham, preparando-se para Recber e socorrer aqueles que seriam sensibilizados pelas diversas expressões da arte.
Telas vivas eram pintadas e elaboradas acima de nós, criando imagens difíceis de descrever em palavras. Van Gogh, Picasso, Renoir e a glamorosa Tarsila do Amaral, além de muitos outros espíritos, estavam ali presentes. Através do pensamento, transformavam suas emoções em pincéis e tingiam, nos fluidos do ambiente astral, a sua arte viva, em movimento, dando assim sua contribuição para a atividade que realizaríamos. A seguir, esculturas que pareciam vivas erguiam-se aqui e ali, enriquecendo a composição do ambiente que, aos poucos, era criado no astral. Rodin, Ataíde e Lisboa, o conhecido Aleijadinho, junto de outros espíritos, integravam as equipes espirituais, trazendo sua parcel de trabalho para a sensibilização das almas desajustadas, em sofrimento ou rebeldes, para as quais era voltado todo o nosso esforço.
Foi nesse clima de intensa atividade e de beleza nunca antes vista por mim que tive a glória e a alegria de deparar com Dalva de Oliveira - deslumbrante! -, ao lado de Elis Regina e Clara Nunes. Porém, não houve tempo para conversar. Todos tínhamos o que fazer para a realização do Show da Vida, como era denominado o evento. O Velho Guerreiro também havia convidado o Flávio Cavalcanti e muitos outros espíritos para participar do espetáculo que aconteceria naquele local.
Mais adiante, as equipes socorristas e os chamados samaritanos se colocavam a postos para atender a quantos apresentassem sensibilidade e recursos para serem auxiliados.
O velho Portinari, ao lado de Anita Malfati, com sua arte maravilhosa, eram os responsáveis por despertar almas endurecidas que estivessem encasteladas no intelectualismo.
Clara Nunes, cantando as cantigas dos orixás, os axés e iejás, sensibilaria aqueles espíritos necesitados, cujo passados se ligava ou se sintonizava com o candomblé e os cultos de origem afro.
Drummond de Andrade sorria, rabiscando com sua “Mont Blanc desencarnada”, como dizia ele, alguma matéria para o seu Correio dos Imortais.
Elis, gloriosa e radiante, ficaria a cargo de despertar sentimentos nos espíritos ligados à política, utilizando, naturalmente, a beleza de sua voz, de sua música e de sua interpretação. “Meu Deus”! - pensei - “como ela terá trabalho pela frente”.

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